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16/07/2022

DR. RESPONDE - Nessa edição, Dr. Edmar fala sobre as síndromes que causam má-formação cardíaca

Gostaria de saber quais síndromes causam má-formação cardíaca?

Definição das síndromes clínicas, cromossômicas e gênicas
As síndromes clínicas de má-formação cardíaca e de outros órgãos em conjunto, que podem ser acompanhadas,  decorrem de alterações cromossômicas, por falhas ou inversões das estruturas gênicas e por falta ou excesso das mesmas. As síndromes que sucedem exclusivamente alterações gênicas, decorrentes de mutações em determinados gens, motivadas por medicamentos, radiação e luz ultravioleta, habitualmente não são acompanhadas por defeitos cardíacos, mas por doenças como a anemia falsiforme, distrofia muscular e fibrose cística.
Nas 60 síndromes diferentes, gênicas e cromossômicas, a malformação cardíaca associada ocorre nas cromossômicas e em número variável, de moderado a acentuado. 

Formação embrionária cardíaca
Importa, primeiramente, conhecer o desenvolvimento cardíaco durante sua formação na idade embrionária, que depende de um processo complexo da conjunção de inúmeras moléculas que ocasionam malformações estruturais, simples ou complexas, responsáveis por vários defeitos cardíacos congênitos.
O coração forma-se em uma região mesodérmica dorsolateral do embrião, que daí origina um tubo que se molda nas diferentes estruturas que o compõem, como válvulas, miocárdio contrátil, o endocárdio e pericárdio e os vasos que chegam e saem em uma conjunção dinâmica.
Torna-se fácil imaginar como essa gênese possa ser modificada, caso ocorra alguma alteração no cromossoma, causando uma das síndromes clínicas conhecidas e acompanhadas por uma má-formação cardíaca. 

Formação gênica cromossômica e predisposição às má-formações
A dinâmica do desenvolvimento cardíaco é determinada pela programação gênica, responsável pela estruturação global do coração. No entendimento do corpo humano, em cada célula normal há 23 pares de cromossomas, herdados do pai e da mãe em um total de 46, além dos componentes sexuais X e Y, característicos do gênero definido. Os genes (porções de DNA-ácido desoxiribonucleico) são estruturas que se espalham, de centenas a milhares, em um só cromossoma (moléculas de DNA). O DNA dispõe-se com características herdadas geneticamente, sendo responsável pela produção de proteínas com funções específicas, responsáveis pelas características gerais do indivíduo.
Conforme sua posição, cada DNA pode suscitar a predisposição de determinadas doenças com fundo genético. O código genético, o modo como cada DNA se insere em um gene e no cromossoma, varia de pessoa a pessoa. No caso de desordenação, há consequente formação de defeitos nos órgãos e doenças associadas ou decorrentes. Conforme a disposição dos DNA´s nos genes, há a predisposição citada a doenças e a má-formações. Daí, é fácil imaginar como uma alteração genômica pode afetar a estrutura e o funcionamento de vários órgãos, provocando defeitos múltiplos nas diferentes síndromes clínicas.
Na formação dos órgãos em síndromes genéticas, com má distribuição gênica, pode haver alterações cardíacas e em outros órgãos, na maioria dos pacientes acometidos. O comprometimento cardíaco, em cada síndrome, geralmente varia de moderado a acentuado. 

Porcentagem da má-formação cardíaca nas principais síndromes
Assim, na trissomia do cromossoma 13 (síndrome de Patau), 80% tem comunicação interventricular (CIV), além de malformações cerebrais e renais. Na trissomia do cromossoma 18 (síndrome de Edwards), 85% tem CIV e canal arterial patente; na trissomia do cromossoma 21 (síndrome de Down) 50% deles tem defeito total do septo atrioventricular, além de problemas de cognição. Na falta do cromossoma X (síndrome de Turner), 60% tem coartação da aorta, além da baixa estatura e pescoço curto; na deleção do cromossoma 22 (síndrome de Di George), 95% tem deformidades cardíacas tronco-conais e do arco aórtico, além de alterações das glândulas paratireóides e do timo. Na perda de segmento do cromossoma 7 (síndrome de Williams), 100% tem estenose supravalvar aórtica, com atraso psicomotor e face de gnomo. Ao contrário, a ocorrência de defeitos cardíacos é escassa em algumas síndromes, como na de Klinefelter (hipogonadismo), Prader-Willi (cromossoma 15) e Dandy-Walker (malformações cerebrais).
Em um contexto amplo, as 29 malformações cardíacas mais comuns encontram-se em 726 entidades genéticas, ao lado de alterações em outros órgãos como cérebro, rins, aparelho digestivo e outros. Dentre elas, 629 são autossômicas, dominantes e recessivas e 97, ligadas ao cromossoma X.

Conclusão
Assim, em presença de uma cardiopatia congênita, ter sempre em conta a necessidade de avaliação genética, a fim de se afastar alguma síndrome clínica. Importa a análise conjunta clínica, em presença de uma cardiopatia congênita no estabelecimento prognóstico dos riscos e benefícios, para a conduta mais adequada. Conhecer a prevalência maior dessas alterações em mães acima de 35 anos, cujo diagnóstico sindrômico pode ser conhecido na idade pré-natal, pela amniocentese, considerando que as síndromes não tem cura e a qualidade de vida depende da correção das alterações orgânicas, incluindo as do coração.

Prof. Dr. Edmar Atik
Médico do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês - Professor Livre-Docente de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 

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