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20/10/2023

DR. RESPONDE - Nessa edição, Dr. Edmar explica: Tive COVID-19 e, em seguida, desenvolvi trombose na válvula cardíaca. Seria o COVID-19 um fator contribuinte para essa trombose?

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Tive COVID-19 e, em seguida, desenvolvi trombose na válvula cardíaca. Seria o COVID-19 um fator contribuinte para essa trombose?

A nova doença de coronavírus2019 (COVID-19) causada pelo "Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2" (SARS-CoV-2) tornouse uma pandemia global. Embora o envolvimento respiratório seja a representação predominante, as evidências atuais mostram que a COVID-19 é uma doença multissistêmica com coagulopatia e complicações tromboembólicas. O aumento da produção de fator tecidual e a redução da fibrinólise da trombina devido à hiperinflamação são os mecanismos propostos da trombose induzida por COVID-19.

As complicações trombóticas do sistema cardiovascular são evidentes na literatura. Tromboembolismo venoso e trombose de artéria coronária relacionados ao COVID-19 já foram relatados. Recentemente, salientouse no relato da trombose da valva mitral bioprotética em paciente idoso e tratado com sucesso pelo emprego de anticoagulantes. Outros relatos salientam a presença de trombos em outros locais do sistema circulatório como nas artérias renais, provocando insuficiência renal com gravidade.

Além de tromboses nos membros inferiores e aparelho pulmonar. Por isso, as diretrizes recomendam pelo menos a dose profilática de heparina de baixo peso molecular para todos os pacientes hospitalizados com COVID-19, na ausência de contraindicações absolutas. Em particular, a trombose mecânica da válvula cardíaca é uma complicação com risco de vida que requer diagnóstico e tratamento imediatos. Geralmente está associada à anticoagulação inadequada.

O Ecocardiograma transtorácico e o transesofágico são essenciais para o diagnóstico e determinação do grau e causa da disfunção valvar. A substituição valvar de emergência é recomendada para trombose obstrutiva de prótese valvar em pacientes críticos, mas a fibrinólise deve ser considerada, se o risco cirúrgico for alto.

Em correlação com a própria cirurgia cardíaca de pacientes com COVID-19, há também a possibilidade de haver alterações no pós-operatório que conduzam à produção de trombos em vários locais com sérias consequências, incluindo-se o risco de síndrome do desconforto respiratório agudo. Descrevem-se, também, casos de trombose pós-operatória aguda da válvula aórtica e até subsequente embolia coronária. Assim, de modo geral, admitese, com todos esses dados na literatura, a consistência sobre a hipercoagulabilidade na infecção por COVID-19. Portanto, a hiperinflação pode não ser a única via que leva à trombose em pacientes com COVID-19.

Os médicos devem estar cientes das complicações trombóticas durante este surto. O uso preventivo e terapêutico de drogas antitrombóticas deve ser feito em paralelo às recomendações formais para mitigar a carga trombótica em pacientes com COVID-19.



Prof. Dr. Edmar Atik
Professor Livre-Docente de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Médico da Cardiologia Pediátrica do Instituto do Coração (InCor) e do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.

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